segunda-feira, 28 de abril de 2014

Futebol. A robustez de um anestésico.



Esta noite acordei com insónias, estava a pensar nas várias imagens mentais que vi ou que li na semana anterior, relativamente às comemorações do dia 25 de Abril.

Nesta minha reflexão nocturna, fiquei com a impressão que os nossos políticos, pelo menos aqueles que nós conhecemos publicamente, aqueles que nos entram em casa todos os dias pelos noticiários repetitivos (o assunto é o mesmo e pouquíssimo variado), não sabem ou não querem fazer política, apenas se limitam a uma mera gestão económica da casa que é Portugal. Não vou obviamente tocar na área económica, pois temos muitos especialistas, e até porque apenas conheço o essencial para realizar uma suficiente e difícil gestão da economia caseira. 

Mas sem sendo economista ou político, apenas humano e comentador num sentido generalista, compreendo que a história mundial mostra que é frequente a caducidade de modelos ou regimes governativos, fruto do desenvolvimento humano e tecnológico, que coloca em causa os paradigmas e necessidades das sociedades, resultando na maior parte das vezes numa qualquer guerra local e/ou regional, e consequente alteração de regime político.

Ora, actualmente penso que nos encontramos num momento em que o desenvolvimento tecnológico e humano, como por exemplo a globalização dos mercados, o desenvolvimento e aplicação crescente da robótica em todas as áreas profissionais e a consequente diminuição da necessidade de mão-de-obra humana, colocam em causa os actuais alicerces organizativos da sociedade, pois deixam, tal como em outras situações históricas, de dar resposta às actuais populações. Por isso, é normal que todos os dias, através dos noticiários, em todo o mundo, sejam registados diversos tumultos contra os governos.

Logo, fruto do tal impacto tecnológico no dia-a-dia, se a situação se mantiver, provavelmente no futuro só alguns terão trabalho, a maior parte da população estará a cargo dos estados vivendo de subsídios sociais, e estes estados, como as empresas (que dependem obviamente do consumo) entrarão em declínio e convergirão para o colapso. Que pela globalização actual poderá ser resultar num problema globalmente trágico, relembrando os quatro cavaleiros do apocalipse, agora numa versão de afecção mundial.

Voltando aos nossos políticos, pondero que nenhum deles se encontra à altura do problema que nos deparamos, ou então não têm poder suficiente para se imporem perante os interesses instaurados, como por exemplo, face aos bancos mundiais, às casas de notação de divida, entre outras organizações influentes, uma alteração profunda na organização do estado (social e económica). E não penso apenas numa reforma da constituição, tão actualmente comentada, mas numa constituição continental/mundial, que aborde uma nova relação entre os estados e os seus cidadãos

Urge por isso, realizar uma renovação do sistema político de forma os cidadãos acreditem nos seus políticos e nas políticas seguidas. Essa renovação tem de partir dos cidadãos e não dos partidos que actualmente convivem na assembleia, pois tais organizações partidárias, fruto de interesses instalados, parecem ser impotentes face aos desafios actuais. Importa por isso que todos participem politicamente, mais propriamente junto da sua comunidade local, pois só com a participação de todos será possível fazer frente aos tais grupos influentes, e promover uma nova página na história sem violência.

Ao invés, é sempre possível ficarmos por casa, tomando o tal anestésico, esperando que sorte nos leve a um porto (a história sempre nos leva a um porto, o caminho é que pode ser mais ou menos doloroso).