Esta noite acordei com insónias,
estava a pensar nas várias imagens mentais que vi ou que li na semana anterior,
relativamente às comemorações do dia 25 de Abril.
Nesta minha reflexão nocturna, fiquei
com a impressão que os nossos políticos, pelo menos aqueles que nós conhecemos
publicamente, aqueles que nos entram em casa todos os dias pelos noticiários repetitivos
(o assunto é o mesmo e pouquíssimo variado), não sabem ou não querem fazer política,
apenas se limitam a uma mera gestão económica da casa que é Portugal. Não vou
obviamente tocar na área económica, pois temos muitos especialistas, e até
porque apenas conheço o essencial para realizar uma suficiente e difícil gestão
da economia caseira.
Mas sem sendo economista ou político,
apenas humano e comentador num sentido generalista, compreendo que a história mundial
mostra que é frequente a caducidade de modelos ou regimes governativos, fruto
do desenvolvimento humano e tecnológico, que coloca em causa os paradigmas e
necessidades das sociedades, resultando na maior parte das vezes numa qualquer
guerra local e/ou regional, e consequente alteração de regime político.
Ora, actualmente penso que nos
encontramos num momento em que o desenvolvimento tecnológico e humano, como por
exemplo a globalização dos mercados, o desenvolvimento e aplicação crescente da
robótica em todas as áreas profissionais e a consequente diminuição da
necessidade de mão-de-obra humana, colocam em causa os actuais alicerces
organizativos da sociedade, pois deixam, tal como em outras situações
históricas, de dar resposta às actuais populações. Por isso, é normal que todos
os dias, através dos noticiários, em todo o mundo, sejam registados diversos
tumultos contra os governos.
Logo, fruto do tal impacto tecnológico
no dia-a-dia, se a situação se mantiver, provavelmente no futuro só alguns
terão trabalho, a maior parte da população estará a cargo dos estados vivendo
de subsídios sociais, e estes estados, como as empresas (que dependem
obviamente do consumo) entrarão em declínio e convergirão para o colapso. Que
pela globalização actual poderá ser resultar num problema globalmente trágico, relembrando
os quatro cavaleiros do apocalipse, agora numa versão de afecção mundial.
Voltando aos nossos políticos, pondero
que nenhum deles se encontra à altura do problema que nos deparamos, ou então
não têm poder suficiente para se imporem perante os interesses instaurados,
como por exemplo, face aos bancos mundiais, às casas de notação de divida, entre
outras organizações influentes, uma alteração profunda na organização do estado
(social e económica). E não penso apenas numa reforma da constituição, tão
actualmente comentada, mas numa constituição continental/mundial, que aborde
uma nova relação entre os estados e os seus cidadãos
Urge por isso, realizar uma
renovação do sistema político de forma os cidadãos acreditem nos seus políticos
e nas políticas seguidas. Essa renovação tem de partir dos cidadãos e não dos
partidos que actualmente convivem na assembleia, pois tais organizações
partidárias, fruto de interesses instalados, parecem ser impotentes face aos
desafios actuais. Importa por isso que todos participem politicamente, mais propriamente
junto da sua comunidade local, pois só com a participação de todos será possível
fazer frente aos tais grupos influentes, e promover uma nova página na história
sem violência.
Ao invés, é sempre possível ficarmos
por casa, tomando o tal anestésico, esperando que sorte nos leve a um porto (a
história sempre nos leva a um porto, o caminho é que pode ser mais ou menos
doloroso).